sábado, 28 de junho de 2008

O Primeiro Single

Inesperadamente cai-nos em cima o primeiro single de Zé Camurça "O (anti)-Artista na Disconight", que era esperado apenas lá para finais de Julho.

Para quem não conhece o Universo deste autor, o tema pode parecer completamente desprovido de conteúdo. No entanto, se tivermos em conta o Ultra Realismo Doloroso do cantor, rápidamente percebemos que se trata de uma obra prima.

Ele conta as histórias da forma mais real, como realmente aconteceram, sem outro tipo de artifícios, ao mesmo tempo que lhe adiciona um conteúdo trágico (reminiscências do fado?). Talvez seja devido a estas características (realismo e dor) que os seus anti-fãs se encontram nas suas músicas.

Nas palavras do próprio Zé Camurça "Todos cantam historinhas lindas, cheias de paneleirices. Eu não sou a Celine Dion, eu não sou assim. Canto apenas a realidade".

Biografia de Zé camurça - 2 (Adolescência)

Zé Camurça frequentou o Liceu em Bacurêdo, localidade onde formou a sua primeira banda, os "The Putedo Boys", uma banda hard core, que chegou a gravar uma K7 intitulada "Tuge e não Muge" onde se incluiam os temas "Bute para as Aulas", "Praia do Meco" e "Faisão Dourado". Devido à censura, não foram muito além disso, mas diz quem sabe que os seus concertos eram de arromba, "Aquilo era do piorío, ninguém os entendia e o Zé era um maluco. Uma vez chegou a dizer que tinha visto a catequista na rua depois das onze da noite! Não tinha papas na lingua. O sacanita era bom!"

A banda terminou meses depois devido ao seu envolvimento com "sugos e sumóis". Estava viciado e acabou a fazer uma desintoxicação. No entanto, nunca deixou completamente este tipo de substâncias sendo, ainda hoje, um consumidor de outras substâncias mais leves como as "gômas".

Conheceu Maria João no 9º ano, actual mulher, que mais tarde viria a mudar de nome para Maria Yoko Ono. Quando questionada acerca desta mudança de nome, afirmou "O meu Zézinho, é que me obrigou e eu aceitei. Ele queria que eu tivesse um nome à altura do seu estatuto musical e, ao mesmo tempo, ele achava um pouco constrangedor o nosso acto sexual, não se sentia à vontade para gritar, ó João, ó João, quando estava em cima de mim".

Maria Yoko Ono conta-nos uma história engraçada da adolescência do Zé Camurça. "Nós tinhamos um quarto escondido no palheiro do meu avô onde nos encontrávamos ao Domingo depois da missa. Um dia, já eu estava deitada à espera, quando ele chega e diz «Maria, vamos iniciar uma revolução na nossa cama!». E iniciámos, oito meses depois estavamos a casar e eu com uma barriga enorme".

Terminou o Liceu com distinção, foi distinguido como o mais azeiteiro e malcriado. Farto dos estudos, seguiu a carreira de estufador, nessa altura tinha já 18 anos e o primeiro filho, Zé Manel, isto porque na altura não permitiram o nome inicialmente escolhido "Black Dog Led Zeppelin".

O sonho da música não ficou por aqui. Mais tarde regressaria.

(continua)

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Biografia de Zé Camurça - 1 (Os primeiros anos)

Zé Camurça nasceu na pequena freguesia de Requiães, no já extinto concelho de Bacurêdo, no dia 30 de Fevereiro de 1963. Sim, 30 de fevereiro... pelo menos é o que está registado na sua certidão de nascimento, devido a um erro do Toni Gomes, presidente da junta, alcoólico, que se encarregava de tratar das papeladas e registos.

A música sempre fez parte da sua vida. Aos quatro anos já acompanhava o pai nos seus concertos de gaita durante os jogos de futebol do Requianense F. C. A mãe também andava na vida artística, era bailarina exótica na casa da Madame Rosalinda Pina Santos.

Distinguiu-se na escola primária, principalmente na disciplina de português, gabado pelo mestre escola como "o melhor nas redacções". As suas histórias, já na altura de um impressionante realismo, contagiavam toda a turma. Data dessa época a sua célebre composição "O guardador de rebanhos" que dizia assim:

"O Manecas leva as ovelhas para o monte ainda antes do Sol raiar. Ao meio dia saca do naco de broa, duas sardinhas, um jarro de vinho e come como um animal. Antes de regressar ao estábulo fode uma ou duas ovelhas, fecha a porta e vai dormir". O Realismo Ultra Doloroso já estava bem presente nesta fase.

(continua)